A vida pode escorrer por entre os dedos num piscar de olhos... Não se pode viver sem ter gosto, sendo transparente, sendo inútil... É preciso fazer a diferença, deixar marcas, visualizar horizontes... É preciso Ser Intenso... Ser homem... Ser criança... Ser música... Ser arte... Ser Deus... Ser Graça... Simplesmente Ser... e Ser Feliz!

3.7.07

O SENHOR ECO

Ontem e hoje foram dois dias fantásticos. Não porque ganhei um milhão de dólares ou porque aconteceu alguma coisa maravilhosa... Na verdade nem me sinto tão feliz diante da "fantasticidade"... Acontece que se resolveram coisas, em mim e diretamente ligadas a mim que eu precisava resolver faz tempo. Coisas importantes prá alma. Junto com essas coisas ganhei alguns pequenos presentes durante o dia. Carinhos, sorrisos, afeto de mães que me entregam seus filhos. Esses dois dias valeram mais prá mim do que muito tempo passado em vão nos lugares que mais gosto.
Dias normais podem se tornar especiais sem que a gente saia dele feliz com a vida. Nem tudo que faz bem prá alma são coisas grandes... Prá mim, o que faz mais bem são os pequenos momentos diários em que nos tornamos mais... mais humanos, mais amados, mais especiais... Dias fantásticos não fazem a felicidade, falando de felicidade plena, eterna... Porque essa Felicidade, maiúscula, reside justamente nos pequenos presentes diários que vamos recebendo das pessoas que cativamos, das pessoas que quase não gostamos, de Deus, e, principalmente, de nós mesmos...
A gente tem é que aprender a enxergar melhor...
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UM DOS PRESENTES DE HOJE

16:30 - Maternal 2 - 10 crianças de 3 para 4 anos
Para que se faça entender: uma turma da pavirada (maravilhosa, mas cheia de gás...)
Aprendizado de uma música que faz sons de Eco.

Eu ali, eles ouvindo a música comigo, imitando o eco, ouvindo o eco que é maravilhosamente imitado na gravação.
Pela primeira vez uma aula tranquila, sem ter que pedir atenção a cada 2 minutos.
Idéia súbita na minha cabeça: vamos procurar o eco. Falar do eco não tá funcionando. Não sabem o que é, então não faz sentido a música.
PEnsamento direto depois da idéia: enlouqueceu. Bem capaz! Imagina sair com eles todos, vão sair correndo em todos os lugares e eu não vou conseguir nada com nada...
2° pensamento: Bem capaz! Bem capaz que eu vou me mixar tendo nas mãos a possibilidade de fazer essas experiência com as crianças... Azar da bagunça.

"Galera, vamos procurar o eco?" - Ficaram muito interessados... Mostrei que na sala onde estávamos não tinha eco, e pretendi fazer eles entenderem o conceito de eco justamente comparando o som seco da sala com o de outros ambientes.

"Então, vou fazer um trem, e o combinado vai ser que, quem ficar puxando os colegas ou sair correndo do trem, vai subir de volta prá sala e não vai achar o eco." - Chamei um por um prá fazer a fila, estratégicamente colocados, é claro, na ordem que eu achei melhor.

"Feito? Posso confiar em vocês?" (Pode!) "Então vamos. Mas fiquem no trem e me escutem quando eu quiser falar que eu não quero que mandem parar porque vocês não ficaram legais, tá?" (tá!)

Saímos. Procuramos o eco. Não tinha. No ginásio tinha, mas tinham outras crianças correndo e gritando, e eles não conseguiram ouvir... Procuramos nas salas do andar térreo e não achamos. Foi aí que me toquei pro banheiro...

Aquele trem ficou me seguindo lindamente todo o tempo. Soltaram apenas uma vez, mas foi por necessidade, não por impaciência. O trem entrou no banheiro das crianças. Imaginem um trem com 12 cianças dentro de um banheiro com espaço prá três vasos, e todo mundo, ordenadamente, gritando prá ouvir o eco. Foi demais! Uma experiência marcante... Vinha gente de tudo que é lugar prá ver o que estava acontecendo. Show...

Encontraram o eco. Entenderam o eco. Brincaram com o eco. Cada um respeitando o espaço do outro...

Entramos também no vestiário das professoras, onde encontraram o Eco mais forte de todos, e mais espichado também. E entramos no banheiro dos adultos também, mas o eco lá não era tão legal... E o trem, sem descarrilhar, entrando e saindo pelas portas estreitas dos banheiros...

O mais legal foi quando um dos meninos ficou com medo do eco... Se assustou por não entender de onde vinha... Não deu nem tempo dele chorar, porque uma das gurias disse direto: "Ai Fulano, não precisa ter medo. É a gente que faz o eco... Aí se a gente não quiser, ele não aparece...!"

Nem preciso dizer que quase morri, né? Bota entendimento sobre o eco... Quase filosófico, eu diria... Me senti muito feliz. Me atrevi a deixar eles gritarem todos ao mesmo tempo, combinando que quando eu fechasse a mão, todos parariam juntos, senão o eco não viria... Eu queria era me precaver de uma gritaria desenfreada... mas até aí me surpreendi! Na primeira vez todos cortaram o grito, menos um, que ficou gritando sozinho. Este foi calado pela mesma menina, que prontamente disse: "Ai Fulano, assim eu não ouvi o eco!" E a partir desse instante eu pude deixar gritar tantas vezes quanto eles tiveram vontade...

Um comentário:

Anônimo disse...

Essas experiências é que fazem com que a gente se apaixone por alunos ( estes pestinhas surpreendentes) e fique como que viciada, não querendo nunca mais deixar de estar perto deles. É só não bitolar( afinal não estão lá para serem marionetes),que eles vão nos surpreender sempre... Potencial eles tem basta acreditar e deixar "vir a furo ".
Beijoca
Leila